sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PIASSA E SUA ESTRATÉGIA DE AMOR E LIBERDADE.

Studio&Piassa®



"Liberdade não é quando realizamos nossos desejos, mas sim nossas escolhas"





Piassa...

criados para fortalecer a identidade visual dos Pontos de Cultura e registrar os anseios e expectativas das comunidades envolvidas.Esta forma de 'identificação' incorpora as referências simbólicas e linguagens artísticas que intensificam o processo de construção da cidadania, dando amplidão à capacidade de apropriação criativa do patrimônio cultural pelas comunidades e pela sociedade brasileira como um todo” palavras do ministro da Cultura.
Os pergaminhos que ficam em uma cápsula na parte interna da estrutura do Totem, propõem-se em sua concepção e objetivos, a serem uma espécie de “máquina do tempo”. Quando aberta ao cabo de determinado tempo, que sugeri aleatoriamente que seja de 2 a 5 anos, será possível aferir o grau de evolução ou retrocesso social, económico e cultural de cada participante e por consequência da respectiva comunidade envolvida, Mas cabe a cada comunidade decidir esse tempo.

Inicialmente de forma prioritária foram determinados doze Pontos de Cultura a serem visitados pelo projeto “Fragmento Étnico Arqueológico” do qual o produto final é o Totem: “Pergaminho Filosófico Cultural”. Na trajetória do projeto tive a incumbência de encontrar um entre os doze Totens executados - que fosse o símbolo de identificação para os demais Pontos de Cultura. Esse objetivo foi alcançado a partir de uma mesma matriz que permite manter a individualidade de cada comunidade apesar de todos terem as mesmas dimensões. Eles se diferenciam através da pintura fragmentada, executada junto com os membros das comunidades, cobrindo a estrutura física do Totem, reproduzindo os elos que são característicos da palmeira que me serviu de inspiração; Individualidade essa, que pode ser usada como um selo de identificação de determinado Ponto de Cultura. Pois é único,não a semelhante,tal qual uma digital.



Os Totens preservam a história local e individual e servem de marco visual de localização e demarcação dos Pontos de Cultura dentro das comunidades, valorizando o cidadão comum que tem nessa aquisição a garantia de manter viva a memória local.

Havia também uma preocupação em encontrar um ícone de ligação com a cultura popular e a encontrei na Macaíba, uma palmeira da região norte onde se utiliza à madeira para a construção de diversos instrumentos de percussão como a Alfaia o tambor do Divino, utilizado no Maracatu e em outros ritos folclóricos brasileiro. Essa palmeira possui algumas peculiaridades que lhe confere além do nome exótico e popular de Barriguda, por ter um caule fino com a parte central estufada feito uma gestante próxima a dar a luz, ela também possuem um fruto repleto de semente, recoberto por um fino fio de seda que em determinada época do ano estoura lançando ao longe suas sementes, pontilhando pequenas arvorezinhas no solo árido.

Fazendo de forma analógica uma comparação com o ministério da Cultura e o Programa Cultura Viva com seus Pontos de Cultura que pontilham em todo território nacional e outros países; essas verdadeiras extensões de resgate das comunidades e de sua identidade cultural da condições de manter viva suas manifestações culturais. No decorrer do projeto, colhi alguns relatos fascinantes que atestam e dá legitimidade á escolha dessa palmeira como fonte de inspiração para a criação dos “Totens da Cultura”. Alguns dão conta que no auge da seca, essa espécie de palmeira rompe parte de seu caule (barriga) e libera aos poucos água para irrigar as pequenas arvorezinhas ao seu redor e assim mantém a espécie viva, apesar de estar em risco de extinção, dada a voracidade das queimadas que atingem as regiões de seca e a incessante procura de sua madeira para diversos fins pela leveza que lhe é característica.

Dada a simplicidade da obra, o único critério para a participação de uma pessoa é o da disposição de se expressar através da escrita ou outra forma qualquer de comunicação.

A escrita foi à forma escolhida dentre várias mídias disponíveis por agregar matizes emocionais aos relatos conscientes ou inconscientes que só vem á luz no esculpir da memória de quando se escreve. Mas á uma extensão para as manifestações. Cada qual a sua maneira: se não por texto, por colagens ou outra forma qualquer de comunicação visual, o que você desejou ser, quem você é, qual é sua escolha para o futuro, e qual sua estrategia de amor, o que você faz, deseja e planeja, quais são suas escolhas, individual e ou coletivamente. E por essa obra ser coletiva ela não visava e não visa ter resultados plásticos convencionais, mas, esperava-se que houvesse harmonia e conseguimos, pela liberdade de expressão dada aos participantes.

Muitas vezes os Totens se deixam contaminar por uma atmosfera repleta de informações, recusam o excesso. Há uma contensão sem sofrimento algum. A tonalidade afetiva que atravessa essa obra mistura curiosamente alegria e tédio, que não inspira abandono, apenas um chega pra lá. È como se cada Totem dissesse: para! Ta bom assim!

È um mundo de cores para ser sentido na pele. Vale dizer também que suas texturas ao serem tocadas e sentidas de maneira tátil, dialogam de perto com o cidadão comum que não está preocupado em questionar a origem nem a história que levaram a sua execução, ou ele gosta ou não gosta. A obra por si própria fala. Se não fala é muda.

Meu caro o tempo sempre foi o Senhor da razão, este direciona firma e esclarece, pessoas passam por nossa vida para nos mostrarem o caminho pelo qual devemos seguir, algumas até marcam para que possamos retornar de onde partimos! O amanhecer e o entardecer vêm e vão ciclicamente dia e noite um após o outro, em nossas mãos estão os valores existenciais e a decisão de escolha, segundo a segundo o tempo não para, a cada um é dado esse direito, a cada um cabe a escolha, história e enredo. Quem ama nunca chora, passeia sobre as lágrimas, transformando todas nas mais belas lições que a vida pode proporcionar, o que não mata fortalece, e o peso vem em gloria, pois liberdade não é quando realizamos nossos desejos, mas sim nossas escolhas, a Deus todo o direito de conhecer o vasto querer de nossa Alma!

Espero que com esse texto, o caro amigo tenha uma visão mais abrangente do porque e o porque dessa obra em seu contexto filosófico e histórico desse documental pergaminho, que preserva viva a história local e de seus participantes, essa é minha estratéia de Amor e qual é a sua?
Piassa®

Artista Plástico e Historiador autor do "Projeto Fragmentos Ètnico Arqueológico" e criador dos Totens "Pergaminho Filósofico Cultural" que indentifica os Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva.

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